quarta-feira, 30 de julho de 2014

segunda-feira, 17 de março de 2014

Porque metade de mim...

Que a força do medo que tenho, não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito, não me tape os ouvidos e a boca
Pois metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio
Que a música que ouço ao longe, seja linda ainda que triste
Que a pessoa que eu amo seja pra sempre amada,
mesmo que distante,
porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que falo, não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um ser humano inundado de sentimento
porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço

Que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada, porque metade de mim é o que penso
e a outra metade um vulcão
Que o medo da solidão se afaste
que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
que me lembro ter dado na infância
porque metade de mim é a lembrança do que fui
e a outra metade não sei
Que não seja preciso mais que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o teu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço

Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
porque metade de mim é platéia
e a outra metade é a canção

E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade também!

sábado, 26 de outubro de 2013

Liberdade de araque

Eu também queria morar nessa colina, mas não, não moro.
Não sei ser desses amores de meia hora, dessa descartabilidade emocional, desse consumismo afetivo.
Não sei gostar do prazer passageiro, apressado, e da total falta de sensibilidade dessa gente que usa como bandeira para sua inconsistência os resíduos de outras relações.

Quero sair de casa ‘desarmada’ sem parecer amadora.
O mundo desaba cada vez mais por falta de afeto.

E mesmo que eu corra riscos, mesmo que me torne vulnerável, e que caminhe de vez em quando por vales e abismos emocionais, mesmo assim ainda torço por um amor que queira durar.
É que hoje cedo olhei pra mim mesma, pra essa solidãozinha moderna, pra essa ‘liberdade’ de araque, e fiquei muito, muito cansada.

(www.eucaliptosnajanela.blogspot.com.br)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A MAIOR TRAGÉDIA DE NOSSAS VIDAS



                                                                                                                    *Fabrício Carpinejar

Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça.

A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta.

Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa.

A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013.

As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada.

Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa.

Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio.

Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda.

Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência.

Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.

Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram.

Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo?

O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista.

A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.

Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro.

Mais de duzentos e quarenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos.

Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.

As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso.

Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.

As palavras perderam o sentido.

sábado, 15 de setembro de 2012

É preciso viajar....



“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.”

(Amyr Klink -   Mar sem fim. 360º ao redor da Antártica)

sábado, 21 de julho de 2012

A vida não me assusta




É... a vida não me assusta.
As pessoas, de vez em quando, sim.
.
E é preciso ter coragem para não se acostumar.
Porque o que eu quero da vida é o encanto. É o encontro.
E quero-a inteira.
Que venha com seus caminhos tortos porque já sei aprender nas espirais.
.
Afinal, viver tem sido sempre assim, quando dou sinal dos meus desgastes, vejo a vida nascer de novo, feito flor que transforma o olhar.
Não tenho certeza alguma...
Mas trago comigo um punhado de coragens prá usar.
Sem regras... hoje só garanto o acaso !
.
Cansei de jogar para perder.
É que acordei com uma vontade louca de começar a ganhar !

(SM - http://eucaliptosnajanela.blogspot.com )